
Para todos aqueles que amam Paris
Mário de Sá Carneiro foi um dos maiores representantes da nova poesia Portuguesa, no primeiro quartel do século XX. É dele o texto que segue:
NOSSA SENHORA DE PARIS
Listas de som avançam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braços duma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo tambem ao luar...
Um cheiro a maresia
Vem-me refrescar,
Longinqua melodia
Toda saudosa a Mar...
Mirtos e tamarindos
Odoram a lonjura;
Resvalam sonhos lindos...
Mas o Oiro não perdura,
E a noite cresce agora a desabar catedrais...
Fico sepulto sob círios--
Escureço-me em delirios,
Mas ressurjo de Ideais...
--Os meus sentidos a escoarem-se...
Altares e vélas...
Orgulho... Estrelas...
Vitrais! Vitrais!
Flores de liz...
Manchas de côr a ogivarem-se...
As grandes naves a sagrarem-se...
--Nossa Senhora de Paris!...
Paris, Junho 1913
Por: José Pedro Turner
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